Tuesday, April 04, 2006

Pork and prune skewers with balsamic glaze

THIS WILL BE DINNER TONIGHT, I HOPE, IF IT COMES OUT AS IT SHOULD.

Monday, April 03, 2006

Diferenças por JVC (Jornal de Tondela)



Há duas semanas, citei uma notícia sobre um miúdo afegão (miúdo sim, só tem quarenta e quatro anos!), Abdul Rahman, que ia, de acordo com a lei deles, ser condenado à morte. Um contrariado juiz local, justificou que iam tratar da saúde ao mano porque este, tendo sido apanhado com uma Bíblia, acabou por confessar a sua conversão ao catolicismo, velha de dezasseis anos. O juiz terá dito que mais valia ter sido apanhada com uma nova de dezasseis, mas as nossas fontes ainda não puderam confirmar a veracidade destas alegadas afirmações.

Diziam as más-línguas que, ao abrigo da nova constituição, recentemente aprovada, as minorias afegãs já tinham alguma protecção; constata-se agora que, na realidade, estão tão desprotegidas face ás tirânicas leis islâmicas quanto o pato português face ao viscoso monstro estatal.

Graças a múltiplos movimentos de solidariedade, ao apelo de vários governos e, ao que consta em círculos por nós frequentados, a rumores de que a esquerda caviar do tele-evangelista, estaria a organizar uma excursão a Cabul para defender estas minorias, o Abdul acabou por ser libertado e enviado, muito secretamente, para a Itália. Alguém terá conseguido convencer o juiz contrariado de que afinal o homem não era lá muito católico da mona, tinha os pirulitos gripados, não estava em condições de ser julgado e o melhor a fazer era soltá-lo.

Enquanto durou esta cena, aos poucos ia caindo a mesquita e o califado! Mas afinal, questionavam os clérigos islâmicos, quem é que manda cá na terra? Se a malta quer limpar o sebo a um gajo por ele ser admirador do JC, limpa e acabou-se! Estamos no nosso pleno direito! Essas modernices não são para o nosso povinho, para se coçarem já lhes chega a nossa sarna. O Adbul, esse cão raivoso, tem mais é que morrer e, mesmo que fuja do país, nós vamos encontrá-lo e vamos reduzir-lhe a temperatura do corpo a zero.

Segundo os jornais e algumas televisões ocidentais, muitos destes minuciosos boletins médicos sobre o estado de saúde, presente e futuro, do católico foram feitos por clérigos moderados.

Moderados? Mas … moderados por comparação com quem e com o quê? Como é que estes jornalistas ocidentais calcularão o grau de moderação de um clérigo islâmico? Tenho andado a matutar no assunto, a ver se consigo encontrar um método de classificação lógico, eficaz e seguro mas por mais voltas que dê à tola, só consigo um:
Quando o clérigo acaba de falar e a entrevista termina, o jornalista pousa o microfone, a caneta ou a câmara, fecha os olhos e conta até dez; não ouvindo estrondo nenhum, olha-se bem de alto a baixo, comprova a inexistência de buracos ou sangue nas roupas, sente a pulsação, respira fundo duas vezes e conclui: estou vivo! Fixe! Este clérigo é moderado!
É claro que este método teria o irritante inconveniente de transformar, por falta de provas, todos os clérigos islâmicos em moderados o que não faz sentido e, por isso, continuo a questionar-me: qual é, para os jornalistas ocidentais, com base nas declarações sobre o Adbul, a diferença entre um clérigo radical e um clérigo moderado?