Gostei muito deste pequeno texto sobre o amor de Carla Hilário Quevedo (a.k.a.Bomba Inteligente)na revista Tabu do jornal SOL:
"Talvez o amor seja uma espécie de narcisismo: um desejo imenso de nos vermos reflectidos num espelho que nos devolve uma imagem perfeita de nós próprios. Talvez o encontro ideal seja aquele que acontece entre dois narcisistas, que veêm um no outro a perfeição desejada e assim se amam, sempre a olhar um para o outro, vendo aquilo que no outro mais gostam em si próprios e que é recíproco. Por isso, os primeiros tempos da paixão são os mais intensos, belos, inesquecíveis. Mas o tempo passa e os narcisistas começam a ver defeitos no outro que desconheciam em si próprios. Os espelhos desentendem-se e muitas vezes partem-se. Os mais prevenidos andam sempre com caixas de fita autocolante atrás e remendam o que podem. Há espelhos dos quais quase só resta a moldura: os bocados partidos lá vão caindo um a um, sem conserto possível. Aos bocados partidos, aos riscos, às fendas costumamos chamar desgosto. Mas se amor fosse só narcisismo, seríamos todos activos masoquistas e sádicos e não somos, pois não? Prefiro amar o outro por aquilo que ele é, sempre tão maravilhosamente diferente de mim, que não quero que mude nunca. "
"Talvez o amor seja uma espécie de narcisismo: um desejo imenso de nos vermos reflectidos num espelho que nos devolve uma imagem perfeita de nós próprios. Talvez o encontro ideal seja aquele que acontece entre dois narcisistas, que veêm um no outro a perfeição desejada e assim se amam, sempre a olhar um para o outro, vendo aquilo que no outro mais gostam em si próprios e que é recíproco. Por isso, os primeiros tempos da paixão são os mais intensos, belos, inesquecíveis. Mas o tempo passa e os narcisistas começam a ver defeitos no outro que desconheciam em si próprios. Os espelhos desentendem-se e muitas vezes partem-se. Os mais prevenidos andam sempre com caixas de fita autocolante atrás e remendam o que podem. Há espelhos dos quais quase só resta a moldura: os bocados partidos lá vão caindo um a um, sem conserto possível. Aos bocados partidos, aos riscos, às fendas costumamos chamar desgosto. Mas se amor fosse só narcisismo, seríamos todos activos masoquistas e sádicos e não somos, pois não? Prefiro amar o outro por aquilo que ele é, sempre tão maravilhosamente diferente de mim, que não quero que mude nunca. "
