Sunday, October 16, 2005

"Que Rio Grande, Santa Bárbara!" por JVC (Jornal de Tondela)




Desde o fim da tarde de ontem que tem chovido com alguma abundância aqui onde moro. Depois de meses sem uma pinga de água, a ribeira que faz fronteira com a minha casa tem finalmente o caudal mínimo para fazer jus ao nome. Os manda chuvas prevêem, para os próximos dias, a continuação de fortes quedas de água acompanhadas de ventos fortes e, como hábito, há zonas deste concelho isaltinado, que vão sofrer as primeiras inundações.

Bem mais grave parece ser a situação no Porto onde, segundo os noticiários, há um enorme Rio, Rui de seu nome, a correr em paralelo com o Douro e a prometer continuar a causar prejuízos avultados nos alicerces de fortificações seculares, supostamente edificadas em terrenos seguros e inexpugnáveis, mas que afinal mostram já belíssimos sinais de erosão.

O técnico de serviço à previsão meteorológica nas eleições autárquicas na SIC (e no Expresso), de seu nome Oliveira e Costa, assegurava na sexta feira passada, sem margem para qualquer dúvida, que este Rio tinha perdido caudal e que, visse eu bem, corria até o risco de ser despromovido a um mero ribeiro, por obra ou milagre do santo de Assis. É o fim, pensei! O homem para estar a falar assim, com tanta convicção, só pode estar certo! Uma seca destas no país inteiro e mais um Rio que se vai. Corri a acender uma velinha mas devo ter-me enganado na reza porque quem me apareceu foi um tal de Pinto da Costa, ainda por cima a amaldiçoar as suas águas. Sete vezes cuspi e dezasseis me benzi, três dentes de alho e um dedo cortei e à espera do juízo final sentado fiquei.

E quando ele chegou, o juízo (a)final, acalmaram-se os ventos e a água deste Rio foi aumentando até se tornar absoluta. E eu descansei.

Consciente que teria de agradecer, logo que me fosse possível, aos deuses, tão grande graça, primeiro fui celebrar a casa do meu amigo Quim, aproveitando comemoração de mais um aniversário dele. No recato do meu lar, muitos cigarros e copos já passados, levo com um raio num sitio que nem vos digo e recebo a seguinte mensagem no telemóvel: “Acaso está a trovejar para tu te lembrares de mim??? Estás a reinar comigo ou estás-te a meter com o meu marido? Olha, sabes que mais, tu para mim vens de carrilho ...!”.